Cada vez mais os conceitos de sustentabilidade estão sendo disseminados nas unidades da rede municipal de ensino. Alunos aprendem na prática por meio de atividades pedagógicas previstas no Plano Escolar (PE), elaborado pelas escolas e que estão em consonância com o Projeto Político Pedagógico (PPP), que por sua vez tem compromisso com a Agenda 2030 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Milênio (ODS) e com o Programa Municipal de Educação Ambiental, conforme Resolução SME nº 23/2024.

O destaque é para a reciclagem, para o reaproveitamento de matéria-prima descartada. Nesse sentido, reciclar significa diminuir a quantidade de resíduos provenientes dos produtos consumidos pelo homem. É justamente esse o tema adotado por escolas municipais como Ida Barbosa dos Santos, Prof. Cleophas Beltran Silvente e Organizações da Sociedade Civil (OSCs), como a Casa de Eurípedes, que no mês passado completou 42 anos de fundação.

Segundo Isabel Cristina Dias, coordenadora pedagógica da escola Ida Barbosa dos Santos, do bairro João Paulo II, o projeto visa recolher tampas de embalagens plásticas do meio ambiente, evitando a poluição dos rios/lagos e a intoxicação de animais silvestres. “Nó temos um tonel que fica exposto na entrada e os alunos contribuem trazendo tampinhas de casa. Na escola, as tampinhas utilizadas pelos funcionários nas embalagens de alimentos também são descartadas no recipiente, ampliando o alcance da ação na comunidade”, explica ela.

De acordo com a coordenadora, a participação das famílias é grande, o que possibilita encher o tonel várias vezes durante o ano. “Quando isso acontece, avisamos instituições parceiras para o recolhimento do material. Consideramos esse trabalho de alta relevância e por isso faz parte de nossas atividades diárias e do Plano Escolar”, diz Isabel Cristina.

Gestores e professores das unidades escolares aplicam as ideias sobre sustentabilidade levando em conta algumas premissas como não esgotar os recursos da natureza, tratar o meio ambiente com respeito, manter um equilíbrio entre o que retiramos da natureza e o que oferecemos em troca. Também são passados aos alunos conceitos tais como usar somente a quantidade de água e energia necessária e evitar desperdícios; realizar coleta seletiva em casa e realizar reciclagem e reutilização de materiais.

O coordenador pedagógico Cayo Cesar Oliveira Ribeiro da Casa de Eurípedes, que atualmente atende 223 crianças de 6 a 12 anos, na maioria alunos do 1º ao 5º ano matriculados nas escolas da rede, informa que começou recolhendo materiais descartáveis no final do mês de abril. Segundo ele, até agora já foram coletados mais de uma tonelada de tampinhas, recipientes plásticos e latinhas de alumínio. No total, foram recolhidos 61 sacos, cada um pesando aproximadamente 17 quilos.

“As nossas crianças junto com as famílias estão engajadas e trazem além de tampinhas, garrafas pet e produtos plásticos para reciclagem. Também recolhemos latinhas de alumínio. Um trabalho bem legal porque as crianças aprendem na prática a cuidar do meio ambiente, o que desperta a consciência ecológica. Também temos as oficinas em parceria com a Secretaria de Educação. As crianças são agentes transformadores e sabem que colaboram para um mundo com mais qualidade de vida”, declara Cayo Cesar, coordenador da Casa de Eurípedes.

Para estimular a participação dos alunos na OSC, a cada 10 recicláveis a criança ganha um cupom para concorrer no final do ano a uma série de prêmios, como caixas de som e brinquedos pedagógicos.

A preservação do meio ambiente também é tema de trabalho durante todo o ano na escola municipal Cleophas Beltran Silvente. Lá na unidade a professora Silvia Maria Grillo Marras, do 4º ano B, tem incentivado os alunos a trazerem as tampinhas, embalagens vazias de remédio e lacres de latinha para enviar às entidades e cooperativas.

A escola é ponto de coleta desde 2022 e inclusive já foi até tema de reportagem na TV, já que todos os professores trabalham a reciclagem e a preservação do meio ambiente em sala de aula. Para a professora Kátia Regina Zani Lacerda, trata-se de uma ação que colabora diretamente para a preservação ambiental, fundamental nos dias de hoje.

A gestão escolar, representada pelo diretor Rafael Necchi Silva e pela coordenadora pedagógica Elisangela Ferreira Prates de Albuquerque, acrescenta que esta ação também tem uma grande função social, uma vez que contribui para a construção de pessoas conscientes e comprometidas com a promoção de um mundo cada vez melhor.

“Esse trabalho para a Educação é muito relevante, pois as crianças já conseguem relacionar as ações com o impacto que elas causam na vida cotidiana. Reduzir a quantidade de lixo e promover a reciclagem são ações que evitam a poluição das águas e do solo, ajudam a diminuir as enchentes e a transmissão de doenças. Isto é um exemplo de aprendizagem positiva e de cidadania”, ressalta a coordenadora pedagógica Elisangela Ferreira Prates de Albuquerque.

O mesmo trabalho também é realizado pela Secretaria Municipal de Educação (SME). Segundo o diretor administrativo da SME, Edemilson Favaron, existe uma preocupação ambiental muito grande e a cada três meses, em média, sai um caminhão lotado de materiais recicláveis, como papel, papelão, restos de madeira, embalagens, garrafas plásticas, para ser entregue a entidades e cooperativas.

“Nós temos a consciência aqui no trabalho que ao reciclar materiais reduzimos a extração de matérias-primas, como árvores e minerais, preservando os ecossistemas e evitando danos irreversíveis. Além disso, essa ação contribui para a redução da poluição e a mitigação das mudanças climáticas”, diz o diretor da SME, Edemilson Favaron. 

As ações de conscientização ambiental que envolvem as escolas da rede municipal de ensino contam com o apoio do projeto Tampinha que Salva / Instituto Educa Eco e da Cooperlagos (Cooperativa de Coleta Seletiva, Beneficiamento e Transformação de Materiais Recicláveis de São José do Rio Preto).